Tás a olhar pra onde?

Estava eu à frente do elevador, carregada que nem uma mula. Era o saco do ginásio, a mochila do computador, a carteira, os iogurtes, as ferramentas que pedi emprestadas, e ainda a lasanha para o jantar. Tudo a ser equilibrado em esforço. Quando entra um vizinho no prédio, sobe as escadas e fica ali, à espera do elevador. O moço ficou especado a olhar para mim. Com certeza a perguntar como é que eu conseguia estar com tanta coisa ao mesmo tempo nas mãos. Tudo bem, cada um pode olhar e pensar o que quiser, até aqui nada contra. Nisto chega o elevador, daqueles antigos sem portas automáticas, que precisam obrigatoriamente que alguém abra a porta. Então… éramos duas pessoas, eu carregada até cima, e o moço que em vez de abrir a porta continuava a olhar.
Não perguntou se precisava de ajuda, nem tão pouco abria a porta.
Nada. O moço parecia… eu sei lá. E não se decidia em abrir a porta. Já em desespero e com vontade de lhe perguntar onde tinha ficado as boas maneiras, soltei um:
-Será que consegue abrir a porta com essas duas mão que tem livres? Consegue?